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A ORIGEM DA ALQUIMIA E OS 4 ELEMENTOS

A ORIGEM DA ALQUIMIA

 

A Alquimia – Ainda hoje, muitos acreditam que o pensamento racional foi o grande responsável pelo desenvolvimento de todo conhecimento científico até então acumulado. A observação e os experimentos auxiliaram o homem a desvendar grandes incógnitas da natureza. Nesse sentido, costuma-se observar as ciências naturais (Biologia, Física e Química) como as grandes beneficiárias de todas estas ações promovidas pelo interesse humano.

 

No entanto, as crenças e o pensamento religioso não se afastaram por completo no desenvolvimento das ciências. Uma prova dessa ideia pode ser contemplada quando focamos nossa atenção para um misterioso grupo de estudiosos: os alquimistas. Os relatos sobre esses “cientistas” dizem que seus interesses pela manipulação de materiais químicos e orgânicos rondavam a busca incessante pelo elixir da vida eterna e pelas transformações dos metais em ouro.

 

 

Tendo seu auge entre os séculos XIV e XVI, a alquimia teve suas origens no Egito Antigo. Na cidade de Alexandria, centro de conhecimento erigido pelo imperador Alexandre, reuniam-se escritos de uma antiga técnica egípcia chamada kyniâ. Essa técnica egípcia envolvia o domínio dos processos químicos de embalsamamento e a manipulação de metais.

 

Entrando em contato com a sabedoria grega, a kymiâ passou a considerar que toda matéria era constituída por quatro elementos básicos para a Alqumia: terra, ar, água e fogo.

 

Durante a dominação romana sobre o Egito, a alquimia passou a ser condenada pelas autoridades imperiais. Com a oficialização do cristianismo, ordenada pelo imperador Constantino, em 330, um grupo de hereges ligados à prática da alquimia foram perseguidos pelas autoridades romanas.

Conhecidos como nestorianos, esses praticantes da alquimia refugiaram-se da perseguição religiosa na Pérsia. Naquela época, muitos persas se interessaram pelo domínio dessas técnicas.

 

 

A expansão islâmica também foi de grande importância na preservação e ampliação dos conhecimentos alquímicos. O Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, previa que o conhecimento da natureza era uma forma louvável de aproximação com Alá.

Por isso, muitos árabes desenvolveram estudos envolvendo elementos químicos e metais preciosos. Enquanto esse tipo de conhecimento desenvolvia-se no mundo islâmico, a Europa Medieval pouco sabia sobre esses estudos.

Com o movimento cruzadista, na Baixa Idade Media, a alquimia entrou em contato com os europeus. A sua busca pela vida eterna, proposta por alguns alquimistas, entrou em choque com o pensamento religioso da época.

Este tipo de ousadia era visto como uma ofensa à idéia de que somente Deus poderia conceder a dádiva da vida eterna. Dessa forma, para evitar possíveis perseguições ou terem seus conhecimentos desvendados, os alquimistas costumavam utilizar uma complexa simbologia que guardava os processos e experimentos por eles desenvolvidos.

 

 

Mesmo sendo mal vista pela Igreja, a alquimia foi uma atividade comum entre alguns clérigos. Roger Bacon e São Tomas de Aquino redigiram alguns experimentos onde relatavam a obtenção de ouro através de outras substâncias e a criação de um homem mecânico.

 Durante o século XVI, a alquimia começava a ganhar uma nova compreensão. O filósofo britânico Francis Bacon (1561 – 1626), já acreditava que a alquimia poderia desenvolver outros promissores tipos de conhecimento científico.

No século XVII, Robert Boyle começou a lançar alguns dos pontos que fundaria o nascimento de uma nova ciência: a química. Aparentemente suas idéias procuravam afastar-se do lado místico da alquimia. No entanto, o próprio Boyle acreditava que um metal poderia ser transmutado. Isaac Newton (1643-1727) foi outro grande cientista interessado pela alquimia. O encontro da “pedra filosofal” ocupou vários de seus estudos.

 

 

Ao longo do século XVII, a popularização do conhecimento científico ganhou espaço frente os códigos e segredos da alquimia. Além disso, a separação entre fé e razão, defendida pelo pensamento iluminista, fez com que os conhecimentos alquímicos fossem vistos como mera invencionice.

Mesmo dotada de crenças que perseguiam a vida eterna e o conforto material, a alquimia não pôde ser colocada para fora da história do desenvolvimento das ciências. Muitos dos instrumentos utilizados nos processos químicos e o estudo de alguns elementos foram elaborados graças ao espírito empreendedor dos alquimistas.

 Além disso, a tese de transformação dos elementos químicos foi comprovada por diversos estudos desenvolvidos durante o século XX.

 

 

Os alquimistas certamente empregavam uma linguagem simbólica para falar de uma realidade interna que surgia no processo de transmutação dos metais com os quais lidavam em seus laboratórios.

Enquanto ficavam destilando líquidos, fundindo materiais, aquecendo e esfriando substâncias para obter o tal ouro – ou a pedra filosofal -, produzia-se também uma enorme modificação interna, que acompanhava paralelamente todas as fases feitas em laboratório e culminava com a transmutação do alquimista. 

Ele próprio se tornava uma pedra filosofal, alguém cujo interior brilhava e reluzia como o ouro. Assim unia seu coração a Deus e se transformava numa faísca reluzente do amor divino.

“O processo alquímico fala da transformação da alma. É algo que ocorre todos os dias, em todas as fases da vida, com todas as pessoas. Só que não estamos conscientes disso”, diz Marcus Quintaes, psicanalista junguiano que, a exemplo de muitos colegas, estudou as modificações ocorridas na psique durante o processo de análise e as relacionou com as fases alquímicas.

O analista se deteve principalmente no estudo das duas últimas fases do processo – são quatro -, quando a alma, já limpa e refeita do enfrentamento interno com seus sentimentos mais pesados e negativos (uma associação feita com o chumbo), passa para a ação no mundo, compartilhando com outras pessoas sua experiência e sabedoria, ou seja, quando o chumbo vira ouro.

 

 

O processo alquímico interno acontece várias vezes na vida. Por isso, não se deve pensar que uma pessoa passa por essas etapas e depois não as enfrenta nunca mais. O trabalho alquímico ocorre freqüentemente, mas pode-se dizer que cada vez ganha um aspecto diferente ou, então, envolve uma ou outra área da vida”, diz Marcus Quintaes.

Em outras palavras, o processo alquímico pode acontecer, por exemplo, relacionado com a vida afetiva da pessoa, em outro momento, ligado à relação dela com os filhos, ou até mesmo ser global e profundo, envolvendo vários aspectos ao mesmo tempo.

Seja como for, a tendência é passar pelas quatro fases até o processo ser resolvido. “Mas pode ser também que uma pessoa fique estancada numa fase muito tempo. Cabe ao analista, ou à própria pessoa, perceber onde ela está derrapando”, afirma o psicanalista.

 

CONHECIMENTO SECRETO

 

 

É provável que a alquimia tenha nascido no Egito. Também foi intensamente praticada na Grécia, Índia e China, onde foi conhecida como o Segredo da Flor de Ouro. Chegou à Europa na Idade Média, vinda do Oriente pelas mãos dos árabes, incomparáveis alquimistas.

 A palavra alquimia é de origem árabe (al khemya) e pode ser traduzida de maneira mais livre como “a fusão”. Isso porque um dos principais trabalhos alquímicos era fundir e processar metais até reduzi-los à prima matéria, a hipotética matéria primordial que dava origem a todas as outras. Ao conseguir a prima matéria em seu laboratório, o alquimista poderia transformar chumbo em ouro.

A matéria primordial, então, seria moldada no metal que ele quisesse mediante determinadas operações. Consciente do andamento das fases, o alquimista adicionava sal (ou arsênico), enxofre ou mercúrio para efetuar as operações alquímicas.

E realizava os experimentos com destilação (solutio), adensamento (coagulatio), queima (calcinatio), apodrecimento (mortificatio) e vaporização das substâncias (sublimatio), assim como a separação (separatio) e fusão (conjunctio) de metais.

Todo o processo alquímico, chamado de a Grande Obra pelos alquimistas, era dedicado a Deus. O ápice era a comunhão com a Luz Divina, quando o externo e o interno do processo alquímico se unificavam. Dessa união, material e mística, surgia o ouro filosofal, que como o nome diz é um ouro místico, não denso, de matéria sutil.

Também seria conseqüência da Grande Obra o Elixir da Longa Vida, uma substância capaz de prolongar a existência quase indefinidamente e livrá-la de todas as doenças. Conta a lenda que os alquimistas morriam com 200, 300 anos e que mesmo alguns, como o famoso Nicholas Flammel, não morreram.

 

 

A alquimia sempre foi um conhecimento para poucos. A principal razão desse segredo era a ideia de que ela proporcionava uma poderosa autonomia espiritual individual sem necessariamente seguir os passos determinados pelas religiões oficiais.

O alquimista era livre e independente dos caminhos coletivos para falar com Deus: tinha seus próprios recursos, sua própria maneira de trabalhar e se propunha obter a comunhão com a luz divina individualmente e não por meio de uma instituição religiosa.

Era, portanto, um conhecimento ameaçador para reis e papas, pois dispensava a intermediação do poder religioso, fugia completamente a seu controle e tentava uma comunicação direta com os planos superiores. Por esse desafio intolerável, centenas de alquimistas foram mortos pela Inquisição.

E este é um dos motivos pelo qual a alquimia era transmitida por símbolos tão estranhos e por uma linguagem tão cifrada: para se manter secreta e ser praticada somente por quem tivesse acesso à interpretação dos símbolos. Mas, segundo os analistas junguianos modernos, há outra razão para isso.

 

 

O inconsciente se expressa por imagens e símbolos (como acontece nos sonhos) e é justamente a força do inconsciente que vai ser trabalhada no processo alquímico interno. “Durante esse trabalho, acontece uma vigorosa eclosão do inconsciente, como uma ilha submersa que vem à tona, trazendo imagens e símbolos característicos”.

Se estudarmos as estórias dos grandes mestres, certamente vamos deparar com grandes idéias e a Alquimia. Como o Leonardo Vinci, Paracelso, e umas das maiores Alquimistas da estória do Egito foi a Cleópatra, com os seus perfumes, e elixir para o Amor.Mas isso fica para o próximo artigo.

 

Pesquisa e e elaboração do texto e imagem

 

Ismê Lucas

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